A HSMAI Strategy Conference Gramado debateu os caminhos da estratégia hoteleira para 2026
A terceira edição do evento reuniu cerca de 100 executivos do setor hoteleiro e apresentou tendências em comportamento de consumo, distribuição e estratégias comerciais para o setor.

A HSMAI Brasil, associação global dedicada ao desenvolvimento de executivos e profissionais de hotelaria e turismo focada em Vendas, RM, Distribuição e Marketing, realizou mais uma edição da Strategy Conference em Gramado, reunindo cerca de 100 profissionais do setor hoteleiro no Wish Serrano Resort & Convention. O evento destacou os desafios da gestão estratégica, a integração entre marketing, vendas e revenue management, e as novas tendências de comportamento e consumo que devem nortear o turismo e a hotelaria em 2026.
O encontro contou com a presença do board da HSMAI Chapter Sul, que tem fortalecido o diálogo regional sobre performance, inovação e sustentabilidade na gestão hoteleira. ‘O Chapter Sul tem contribuído para um amadurecimento importante nas discussões e na forma como os profissionais da região se conectam, trocam experiências e constroem referências juntos. Ver essa rede cada vez mais estruturada e ativa é uma alegria enorme’, comemora Gabriela Otto, presidente da HSMAI Brasil e Latam.
Economia e comportamento do viajante em 2026
A abertura do evento trouxe Giovana Menegotto, doutora e mestre em economia aplicada pela UFRGS, para dar um panorama econômico do próximo ano. De acordo com a análise apresentada, o Brasil entra em 2026 com estabilidade relativa, crescimento de PIB entre 1,8% e 2,4%, sustentado pelo consumo interno e uma inflação mais controlada, ainda que pressionada pelo setor de serviços. Essa conjuntura impacta diretamente custos de hotelaria, alimentação, eventos e folha operacional, exigindo do setor maior eficiência na gestão de receitas e lucratividade.
A economista destacou ainda o novo cenário geopolítico global, marcado pela reindustrialização de países centrais, desglobalização parcial e redefinição das cadeias logísticas, o que mantém custos de importação elevados para equipamentos e insumos de hotelaria. Dados da PNAD Turismo (IBGE, 2024) reforçam a transformação do perfil de consumo: 18,8% das viagens têm como destino pousadas; 14,7% escolhem hotéis; 32,1% ficam em casa de amigos ou familiares; e 5,1% já optam por hospedagens via aplicativos, fatia em crescimento constante. “Os números mostram que o turista de 2026 será mais planejado, sensível a preço e altamente digital, pesquisando múltiplos canais antes de reservar”, finaliza.
Sinergia para maximizar resultados e perspectivas 2026
O painel “A Sinergia entre os Departamentos de Marketing, Vendas e Estratégia para Maximizar Resultados e Perspectivas 2026”, reuniu Gentil Cysneiros, diretor comercial de Hotelaria, Entretenimento e Eventos da Gramado Parks; Gabriela Szekir, gerente de RM da rede Laghetto; Paula Pitana, head de Marketing da Criamigos; e Lisia Diehl, diretora de Marketing da Gramado Parks, destacando que o futuro da hotelaria depende de uma visão integrada e orientada por dados. Os especialistas defenderam o conceito de Performance Integrada, em que marketing, vendas e revenue management trabalham com metas e indicadores comuns, eliminando silos e promovendo uma cultura de responsabilidade coletiva. A adoção de metodologias como o Total Revenue Optimization (TRevPAR) e o uso do Balanced Scorecard permitem uma análise mais completa do desempenho e da rentabilidade dos hotéis.
Outro ponto central foi a importância de equilibrar custo de aquisição (CAC) e valor vitalício do hóspede (CLV), investindo mais na fidelização do que apenas na captação. Modelos como o Flywheel da Fidelização e a Teoria da Lealdade reforçam que pequenas melhorias na retenção podem gerar grande impacto nos lucros, transformando hóspedes ocasionais em defensores da marca. Essa lógica está alinhada à chamada economia da recorrência, em que experiências personalizadas e programas de fidelidade sustentam o crescimento.
Por fim, o painel abordou a necessidade de uma distribuição inteligente e da convergência entre marketing e vendas, o chamado Smarketing. Essa integração permite uma jornada contínua, do primeiro contato ao pós-venda, combinando tecnologia, automação e experiência humana. A conclusão foi clara: a hotelaria de alta performance nasce quando todas as áreas medem sucesso pela mesma régua, alinhando propósito, dados e estratégia para resultados sustentáveis em 2026.
O futuro da hotelaria é sobre sentimento, não sobre produto
A palestra de Douglas Pereira, ex-head commercial da Letsbook, administrador e fundador da Officina 21st, apresentou uma reflexão sobre o futuro da hospitalidade e o papel das novas gerações na transformação da experiência do hóspede.
“Hotéis que não conectam ou não contam nenhuma história não terão futuro. O hóspede não vai se lembrar do que você tem, mas sim do que você fez por ele. Dominará o mercado quem aprender a desenvolver ao redor do seu negócio uma comunidade”, destacou Douglas.
O palestrante provocou o público a repensar a essência da hotelaria, ressaltando que o setor ainda vende camas, quando o consumidor busca sonhos. Ele apontou que as novas gerações valorizam tempo de qualidade, pertencimento e experiências autênticas, e que o diferencial competitivo do futuro estará em receber com propósito e emoção. “As novas gerações não querem ser hospedadas, querem ser recebidas, o que exige da hotelaria empatia, narrativa e conexão emocional”, finalizou.
Tecnologia, integração e IA como pilares da nova estratégia
A palestra de Renata Carreira, diretora da Host Hotel Systems Brasil, destacou que a competitividade da hotelaria em 2026 dependerá menos do uso isolado de tecnologia e mais da capacidade de integrar dados, automação e inteligência artificial dentro de uma estratégia coesa e orientada ao hóspede. Ela reforçou que a hospitalidade contemporânea deixou de ser apenas sobre camas e preços: hoje, trata-se de criar experiências inteligentes, integradas e personalizadas em tempo real. “A IA é o cérebro e as integrações são o sistema nervoso; um sem o outro, não há inteligência verdadeira”, afirmou.
Durante sua apresentação, Renata explicou que o novo hóspede é cada vez mais conectado, exigente e imediatista, com forte expectativa por comunicação eficiente após a reserva, respostas rápidas e múltiplas opções de pagamento. Nesse cenário, a integração de sistemas se torna essencial para oferecer uma visão única do hóspede, automatizar processos e tomar decisões baseadas em dados. Hotéis que conseguem operar de forma integrada registram ganhos significativos em produtividade, eficiência e conversão.
A executiva apresentou ainda exemplos práticos da aplicação da inteligência artificial no setor, como o uso de chatbots e concierges digitais baseados em IA generativa, check-ins e check-outs inteligentes com QR Codes e chaves digitais, além de análises preditivas voltadas para o Revenue Management. Também destacou o avanço da automação operacional (RPA + IA), que reduz erros e libera as equipes para se concentrarem no atendimento humano, onde está o verdadeiro diferencial da hospitalidade.
Renata enfatizou que a gestão de receita moderna não se resume à precificação, mas à lucratividade sustentável, baseada na transformação de dados em decisões estratégicas que aumentam o RevPAR, reduzem a dependência de OTAs e fortalecem a fidelização por meio da personalização em tempo real. “Tecnologia sem estratégia vira custo. O diferencial está em juntar IA, integrações e pessoas, de forma que a tecnologia cuide dos processos, e as pessoas cuidem das emoções”, finalizou.














Entrada
Kelly McGuire – managing Principal of ZS Hospitality, ex VP da Whyndam Worldwide e Host da Edição 2025.


Abertura

























Os últimos 3 anos trouxeram desafios imprevistos para a indústria de viagens e aceleraram a necessidade de simplificação.















































































































